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terça-feira, 27 de outubro de 2009

LUCAS: PROPAGANDA CRISTÃ COM ROUPAGEM HISTORIOGRÁFICA: O “Evangelho dos Gentios” e o romance da veracidade histórica (Parte 02)

LUCAS: PROPAGANDA CRISTÃ COM ROUPAGEM HISTORIOGRÁFICA:
O “Evangelho dos Gentios” e o romance da veracidade histórica
(Parte 02)
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Prof. Vieira Lima Júnior
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Além dos erros históricos, geográficos e de estruturação, a obra lucana apresenta uma série de problemas que impedem os especialistas contemporâneos de considerá-lo uma verdadeira obra historiográfica. Primeiramente, deve-se enfatizar que, até mesmo para historiadores da Antiguidade Clássica e romana, o uso e explicitação de critérios e metodologia eram centrais. Momigliano (2004, p. 19) destaca a importância da questão metodológica na historiografia ao fazer o seguinte comentário: “[...] em cem pessoas que podem explicar um acontecimento apenas uma ou duas têm a habilidade técnica – o equipamento do historiador – para decidir se aquele acontecimento foi de fato um acontecimento, se realmente existiu”.
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Por exemplo, nos historiadores gregos existia uma grande preocupação sobre a confiabilidade dos dados que utilizam em seus trabalhos. Até o século 6 a.C., nenhum escritor se preocupou com a questão da análise crítica dos acontecimentos passado. A crítica histórica foi uma invenção grega. Um dos primeiros critérios objetivos desenvolvidos pelos gregos para separar fatos de fantasias foi à comparação entre tradição. Deve-se a Heródoto o título de “Pai da História” por causa de sua iniciativa nesse sentido.
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O que Momigliano (2004, p. 63) chama de “exame cruzado de testemunhos” constitui a primeira característica do historiador. Lucas, por seu turno, jamais cita nem sequer discute as fontes que utiliza. Sabemos – não por Lucas – que ele copiou (as vezes integralmente) grande parte de seu evangelho do Evangelho de Marcos – sem dar o devido credito a essa fonte, nem sequer fazer uma discussão sobre isso.
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Lucas se cala diante de métodos e critérios, apenas se limitando a dizer que, como outros antes dele, apresentaria um relato ordenado sobre os fatos que “investigou”, fazendo isso possivelmente sem levar em conta critério algum, não crivando qualquer material que se posse em sua frente – de conteúdo verdadeiro ou falso.
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Richard Carrier, especialista em história greco-romana, ao fazer considerações sobre a confiabilidade de Lucas, o compara com outro historiador da época, Arrian, para testar a alegação crista de que Lucas é confiável. Carrier (2009 [online]) afirma que Arrian relata a história de Alexandre o Grande quinhentos anos após os fatos. Mas o faz explicitamente oferecendo um método seguro.
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Arrian diz que ignorou todas as obras não escritas por testemunhas. Em vez disso, confiou somente em antigos textos disponíveis de testemunhas oculares da campanha de Alexandre. Eles os nomeia e discute suas conexões com Alexandre. Ele então diz que, sobre cada ponto onde eles concordam, simplesmente registraria o que eles disseram, mas onde discordam de modo significativo, ele citaria ambos relatos e identificaria as fontes que discordam [...] se Arrian fez o que disse, ele é quase tão bom quanto a fonte de uma testemunha ocular (de fato, argumentavelmente melhor).
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Lucas, por outro lado, nem chega perto de Arrian quanto aos procedimentos utilizados. De forma alguma Lucas traça um método a ser seguido. Também não determina e nem discrimina suas fontes, como um bom historiador faz. Por isso, Carrier (2009 [online]) conclui sua análise afirmando que:
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Lucas não pode ser associado a Arrian (Ário) como historiador crítico. Ele consegue ser ainda pior quando comparado como Polybius (Políbio) ou Thucydides (Tucídides). Nem mesmo alcança o nível de historiadores inferiores como Tácito e Josefo – que apesar de não oferecerem uma clara discussão dos seus métodos, frequentemente nomeiam suas fontes e explicitamente mostram um senso crítico ao escolher entre relatos divergentes e confusos.
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Além disso, existem outros grandes defeitos de caráter historiográfico na obra lucana: em nenhum momento Lucas procura conhecer os aspectos históricos e geográficos da região narrada (como Heródoto e outros historiadores do passado fizeram) – como fica patente em suas narrativas sobre a Palestina judaica da época de Jesus, as quais apresentam grandes equívocos tanto históricos quanto geográficos (Lucas só acerta quando se refere ao mundo do Mediterrâneo).
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Lucas também altera suas fontes de modo considerável – não por motivo de veracidade histórica, mas por mera questão de conveniência, ideologia e gosto. Suas omissões em relação a sua principal fonte – o Evangelho de Marcos – são as mais características e as que mais ajudam a traçar seu perfil. Por exemplo, Lucas omite a história da “mulher siro-fenícia” narrada em sua fonte marcana porque nesse relato Jesus atesta a exclusividade judaica de sua missão – coisa incompatível para o programa teológico de Lucas, o autor do “Evangelho dos gentios” (VERMES, 2006, p. 259. Cf. Mc 7.24-30//Mt 15,21-28) Lucas também omite, convenientemente, a “oposição aberta” que Paulo tomou contra Pedro no Concílio de Jerusalém, já que os dois “heróis” de sua narrativa não poderiam se chocar um contra o outro (comp. Gálatas 2.11-17 com Atos 15). Outro é o do “Jesus irado”, o qual Lucas, não querendo que seus leitores concebam Jesus dessa forma, omite a passagem em que Marcos afirma que Jesus se encheu de ira. Lucas também omite a afirmação marcana de que a família de Jesus o havia considerado “louco” (cf. Mc 1.41; 3.5,21).
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Geza Vermes (2006, p. 261) comenta: “O desempenho imperfeito das curas de Jesus é revisado e melhorado por Mateus e por Lucas: em vez de ‘muitos’ doentes foram curados (Mc 1.34; 3.10) [...] Lucas afirma que ‘todos os que estavam enfermos’ foram curados (Lc 4.40)”. Enquanto a passagem de Marcos – que afirma que Jesus não foi capaz de fazer milagres em Nazaré – é mudada para: “Jesus não fez ali muitos milagres” em Mateus (Mt 13.58), Lucas, envergonhado, simplesmente omite essa passagem marcana.
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Lucas omite todas as passagens (presentes tanto em Marcos quanto em Mateus) em que Jesus proíbe os discípulos de visitarem os gentios e os samaritanos – pelo fato de Lucas ser um cristão gentio. Lucas também omite a primeira proclamação de Jesus de que o reino de Deus estava próximo (Mc 1.15; Mt 4.17, 10.7 comp. Com Lc 10.11), porque sabia que já havia passado muito tempo e reino ainda não havia chegado.
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Além das omissões, Lucas transforma o relato marcano da cura da sogra de Pedro em um exorcismo [Lc 4.38-39). Lucas, não gostando do relato marcano em que João Batista batiza Jesus (por implicar superioridade), o modifica, fazendo João Batista ter sido preso antes e não mencionando quem batizou a Jesus (Lc 3.19-22). Marcos afirma que “todos do synedrion” (Mc 14.64) declararam que Jesus era digno de morte e, para livrar a cara de José de Arimatéia, afirma que ele era membro de outro conselho – o bolê. Lucas, não gostando disso, afirma que Arimatéia era “membro do synedrion”, mas que “não concordou com o desígnio dos demais”.
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Além de Lucas não oferecer nenhuma das marcas de um historiador crítico e cuidadoso, e de retalhar o material que lhe serviu de fonte, investe em intensas pregações e propaganda, sendo que implicitamente serve uma agenda ideológica ao invés de uma objetiva investigação em direção a verdade. Muitas vezes Lucas se mostra um investigador tendencioso, procurando fundamentar idéias preconcebidas sobre o que ele e sua comunidade eclesiástica acham que tenha ocorrido, ao invés de tentar buscar a veracidade histórica.
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Atualmente, o bojo da pesquisa histórica sobre os documentos do Novo Testamento tem percebido Lucas não como um historiador, mas como aquilo que ele realmente se propôs a ser: um evangelista. Desse modo, os aspectos retóricos e ideológicos de Lucas estão sendo colocados em relevo para que se possa determinar o quanto este autor influenciou sua narrativa. Como evangelista, o intuito de Lucas era, antes, convencer seu leitor acerca da veracidade da fé crista, do que apresentar uma narrativa isenta de imposição ideológica. Como o núcleo da fé crista era a crença na Ressurreição de Jesus, Lucas eleva essa crença à categoria de prova incontestável, ao afirmar que: “E a eles [Jesus] se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas incontestáveis [τεκμηρίοις], aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus. E comendo com eles...” (Atos 1.3,4a).
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No que consistiam essas provas incontestáveis não fica claro, mas analisando a narrativa parece que Lucas quer que o período bastante longo, de aproximadamente 40 dias, em que o Jesus ressuscitado interagiu fisicamente com os discípulos (mas que somente ele e mais nenhum evangelista narra) seja visto como uma prova incontestável de que Jesus realmente ressuscitou. Como termo “tekmêrion” é derivado do grego “tekmor”, que significa “conjectura” – daí o termo “tekmairesthai”, que significa “conjecturar” (GINZBURG, 2002, p, 155. cf. RUSCONI, 2003, p. 452), o que Lucas pretendia era que seus leitores raciocinassem da seguinte maneira: “Se Jesus apareceu e interagiu fisicamente com seus discípulos por mais de quarenta dias – mesmo depois de morto – a única explicação para isso é de que realmente ressuscitou”
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Afirmar que existiram “provas incontestáveis” de algo que não pode, no presente, ser incontestavelmente provado constitui uma forma retórica e literária cuja função psicológica é meramente convencer, não demonstrar objetivamente (já que as provas não podem ser apresentadas).
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Lucas, possivelmente, sabia que seu leitor, a certa altura da história cristã, não poderia ter acesso físico e perceptual direto aos acontecimentos que ele considerava verídicos. Por isso, utiliza um artifício retórico bastante comum em sua época e muito interessante: a “prova narrativa”. Ou seja, o relato, por si só, seria capaz de fornecer todos os motivos para o leitor se convencer e depositar sua crença nela.
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Qualquer pessoa poderia chegar a conclusão de que Jesus realmente havia ressuscitado, caso aceitasse os pressupostos básicos da narrativa apresentada por Lucas, entre os quais se destacam a interação física dos apóstolos com Jesus e os quarenta dias em que o ressurrecto passou entre eles. O uso de Lucas pelo termo retórico “tekmêrion” deixa clara a necessidade que os antigos cristãos gentios tinham de defender a ressurreição de Jesus mediante argumentos retóricos poderosos e convincentes, para que pudessem mostrar à mente inquiridora pagã e versada na dialética e na filosofia evidências concludentes e inegáveis de que Jesus havia ressuscitado, e que por isso se deveria confiar na mensagem cristã.
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Além dos objetivos retóricos e apologéticos, a teologia e narrativa da obra lucana são enveredados pela importância de proporções cósmicas que Lucas concede ao cristianismo ao descrever a expansão do movimento cristão dentro do encadeamento cronológico do mundo, da história e dos governos seculares, em especial do Império Romano.
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Isso significa que o principal objetivo de Lucas, ao relacionar a própria narrativa com o contexto mais amplo da história gentílica e, principalmente, romana, era apresentar um intenso e chocante quadro, para seus leitores gentios, sobre a inserção do cristianismo no mundo romano – preparando a mente de seus leitores para o advento da igreja-matriz.
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O encadeamento da história do então pequeno mas crescente cristianismo nascente dentro da história maior do mundo gentílico e do império e a conseqüente idéia de que esse mundo será afetado pela nova religião emergente não se limita a narrativa de Atos dos Apóstolos; podemos percebê-la logo no inicio da narrativa do Evangelho de Lucas sobre o nascimento de Jesus, quando Lucas (3.1,22 ) o situa dentro da história romana:
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No ano décimo quinto do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da Traconítide, e Lisânias tetrarca de Abilene, sob o pontificado de Anás e Caifás, [...] o Espírito Santo desceu sobre [Jesus] em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho; eu, hoje, te gerei” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2006).
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Diversos autores modernos têm comentado que o fato de Lucas ter acrescentado os detalhes históricos apresentados em 3.1 que incluem a alusão ao ano exato do império de Tibério, bem como ao nome do governador da Judéia na época, Pôncio Pilatos, e o nome dos tetrarcas e dos pontífices religiosos do judaísmo deve-se a sua suposta perícia como pesquisador e a uma preocupação cronológica e historiográfica que somente um historiador é capaz de ter.
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No entanto, uma análise mais coerente e abrangente da obra lucana, enfatizando seus objetivos como evangelista, demonstra que a razão para esse detalhismo histórico deve-se ao objetivo literário de Lucas em situar Jesus no contexto histórico dos grandes personagens e magistrados de sua época, sejam eles judeus ou romanos. Esses dois povos, com efeito, constituíram os principais obstáculos para o movimento cristão nascente e, ao mesmo tempo, os meios sem os quais o cristianismo jamais teria alcançado sucesso no mundo mediterrâneo.
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Por isso, Raymond Brown (2005, p. 496) afirma que o interesse peculiar de Lucas em ligar o contexto particular do nascimento de Jesus aos grandes acontecimentos da história romana a nível global trata-se de uma forma deliberada de justapor Jesus e o cristianismo ao império romano e a César:
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Lc 3,1-2 descreve o início do ministério [de Jesus] como acontecimento de importância cósmica, pondo-o na estrutura cronológica do mundo e dos governantes locais que, em última instância, serão afetados por ele. Do lado romano da lista de governantes, há Tibério César, o imperador, e depois Pôncio Pilatos, o governador local da Judéia – Lucas e seus leitores sabem que as ondas provocadas pela imersão de Jesus no Jordão vão finalmente começar a mudar o curso do Tibre[5] E, assim, não é surpreendente que, quando retrocede o momento cristológico para a concepção e o nascimento de Jesus, Lucas dê ao nascimento também um lugar na estrutura cronológica dos governantes mundiais e locais, ao mencionar Augusto César, o imperador romano, e, em seguida, Quirino, o legado local da Síria. Ironicamente, o imperador romano, a figura mais poderosa do mundo, serve ao plano de Deus, promulgando um edito para o recenseamento de toda a terra. Ele proporciona o cenário apropriado para o nascimento de Jesus, o Salvador de todas aquelas pessoas que estão sendo registradas.
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Lucas objetivou traçar a rota que mudaria o curso do mundo mediterrâneo – a rota do cristianismo. Por isso, coloriu suas narrativas com detalhes exatos – ou melhor, “vivos” – do mundo mediterrâneo, na medida em que narrava o processo de expansão missionária cristã.
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O discurso de Paulo no Areópago, em Atenas, narrado em Atos 17, ilustra muito bem essa questão: era o cristianismo entrando e agitando o mundo secular dominado pelo Império Romano.
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Em Atos dos Apóstolos, Lucas dedica em atenção especial a citação detalhada de governantes e instituições políticas de várias pólis e regiões da Ásia Menor e do Mediterrâneo, incluindo Instituições religiosas com o fim de aproximar: Os neokoros (Guardiões do Templo de Ártemis), os ouvires de Éfeso, o procônsul Sergio Paulo, Gálio o procônsul da Acaia, os procônsules da Ásia, os litores, os politarcas, o Areópago (onde se faziam discursos políticos), o “homem principal de Malta”, estratopedarca, os tetrarcas, Quirino, etc.
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Desse modo, Lucas relaciona sua própria narrativa sobre a vida de Jesus e os Apóstolos ao o contexto mais amplo da história, apresentando a inserção do cristianismo no mundo romano. Esse fato explica porque Lucas, em Atos dos Apóstolos, se empenha tanto em fazer alusões a governantes e políticos de cada região em que Paulo e os demais missionários cristãos transmitem a mensagem crista. Isso também se coaduna ao propósito lucano de estabelecer um “Evangelho dos gentios”.
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Por isso, na mesma medida que Lucas se mostra um acurado conhecer de diversos aspectos – principalmente os políticos – do mundo mediterrâneo, também se mostra inapto e desleixado ao descrever o mundo judaico da Palestina da época de Jesus, apresentando erros geográficos grosseiros e falta de conhecimento histórico e topográfico dessa região.
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Lucas não realiza uma acurada descrição do mundo judaico da época de Jesus exatamente porque seu objetivo não é apresentar o cristianismo aos judeus. Vivendo na época da expansão gentílica do cristianismo, seu interesse visava informar e convencer os leitores e cristãos gentios sobre o percurso da fé cristã, de Jerusalém a Roma.
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Em outras palavras, a obra lucana trata-se de uma introdução histórica ao cristianismo romano que mais tarde se transformaria, com Constantino, na Igreja Romana. Portanto, trata-se de uma obra elitista, desenvolvida no objetivo de popularizar e fazer apologia a crenças as principais tradições sobre os fatos que antecederam o surgimento do cristianismo proto-ortodoxo ao público cristão.
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NOTAS:
[1] Para uma análise mais abrangente acerca da identidade do autor da obra Lucas-Atos, cf. FITZMEYER, Joseph A. The Gospel According to Luke. New York: Doubleday, the Anchor Bible, 1981 Vol. 1.
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[2] O uso do nome "Lucas" é apenas convencional. De fato, não sabemos quem era o autor do terceiro evangelho/Atos dos Apóstolos, já que tais escritos são anônimos. A tradição crista impôs a “Lucas, o medico” citado por Paulo em Cl 4.14. No entanto, não existe qualquer indicio de que essa atribuição seja genuinamente histórica.
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[3] Para uma análise mais abrangente acerca de alguns dos diversos cristianismos que não chegamos a conhecer, cf. EHRMAN, Bart. Evangelhos perdidos. Rio de Janeiro: Record, 2008, e KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento: História e literatura do cristianismo primitivo. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. II.
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[4] No Brasil. o título desse livro foi “...E a Bíblia tinha razão”, livro bastante difundido entre o público leigo e cristão.
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[5] O Tibre é um rio no território italiano, com nascente na Toscana, cujas margens passam por Roma.



4 comentários:

Informadordeopiniao disse...

"""/Lucas omite a história da “mulher siro-fenícia” narrada em sua fonte marcana porque nesse relato Jesus atesta a exclusividade judaica de sua missã/"""

Isso é pouca inteligência. Geza Vermes é um gigante, mas tem falácias gritantes (como no argumento para contestar a comissão) que chegam a ser bizarras atenuadas pela intriga de como alguém pode errar assim.
Nesta passagem, vemos um recurso retórico comum registrado nas vezes em que Jesus é requisitado, e ele é aspero para evitar hipocrisia, ou autocomplacência. Faz assim com fariseus, escrivas, o jovem rico...
Ali, porque a mulher o procura como "Filho de Davi", sendo que era para ela temer esse nome que implicaria a expulsão do povo dela da terra, dentre outras coisas? Não seria autocomplacência, hipocrisia?
De qualquer forma, Jesus ora se identificou com a imagem messiânica davídica em alguns aspectos, e fez questão de desvincular em outras ocasiões.

Bem, ela passou no teste.

Isso é uma análise míope, que acaba sendo reflexo especular de apologias sôfregas (no caso, uma apologia também, só que cética).

Informadordeopiniao disse...

"""/Lucas não realiza uma acurada descrição do mundo judaico da época de Jesus exatamente porque seu objetivo não é apresentar o cristianismo aos judeus./"""

Mais um problema lógico. A simplicidade lógica nos leva a inferir que Lucas não teria a mesma bagagem para descrever o ambiente deográfico-humano judaico do que teria para com o greco-romano,por familiarização pessoal e formação intelectual, não se sentindo tão a vontade para tentar igualar os dois tratamentos, como seria de esperar do comportamento de um bom historiador.

Mais simples e direto.

Em tempo, é oportuno também citar um livro que disseca e contrapõe as teses do trabalho de Ehrmann citado:
BOCK, Darrel. Os Evangelhos Perdidos - a Verdade por Trás dos Textos que Não Entraram na Bíblia.
Ed. Thomas Nelso. 2007.

Francisco Vieira Jr. disse...

Rodrigo disse:

"A simplicidade lógica nos leva a inferir que Lucas não teria a mesma bagagem para descrever o ambiente deográfico-humano judaico do que teria para com o greco-romano,por familiarização pessoal e formação intelectual, não se sentindo tão a vontade para tentar igualar os dois tratamentos, como seria de esperar do comportamento de um bom historiador".

É exatamente isso que o artigo defende. Um abraço.

Rodrigo disse...

Uma questão a se considerar no tratamento das referências dos evangelistas, inclusive Lucas, quanto às testemunhas oculares, é o período de perseguição. Apenas em João tal questão já seria tenuada, e nos outros evangelhos as referências seriam mais sutis. Richard Bauckham, no já clássico "Jesus and the Eyewitnesses", estudando tanto materias bibliográficos antigos quanto por análise interna aos evangelhos, mostra referências a testemunhas em passagens, no sentido de indicar respaldo para o público dos textos, já então havendo um "magistério" mais ou menos descentralizado. Estudando a fundo questões de transmissão de tradições, ele aponta para parâmetros de um meio termo entre transmissão formal-controlada e informal-controlada. É até então a bibliografia referência máxima neste tratamento, que já tem aberto campos de pesquisa.